A visão da Loba


Ver com os olhos da alma é muito mais do que ver.
É suportar o que se vê.
É acreditar no que sente.
É entender que a essência precisa ser encarada, ainda que seja dolorosa.
É colocar luz na sombra mais escondida do subterrâneo interior.
É segurar o tranco de enxergar ossos secos, destroçados ao olhar o passado.
É intuir e acreditar nessa intuição, apesar da decepção.
É seguir em frente, rumo ao novo e desconhecido, mas real.
Deixar a inocência para acolher a velha loba dentro de si, deixando a jovem iludida partir.
Ver com os olhos da alma é deixar de acreditar em cada mentira que conta a si mesma, com tanta certeza.
É saber que a verdade intuída é alerta de vida.
Os olhos da alma trazem a sabedoria do feminino, do amanhã, do ontem e do atemporal.
Subimos nos ombros umas das outras, apoiando a mais recentemente chegada e com essa sustentação, levamos longe a visão.
A visão da loba.

Ana Paula de Jesus
(Lalloba)

Poema publicado no Livro: Mulheres Reais, construtoras do Bem. Lançamento na Bienal do Livro SP 2018 e Flip 2018

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