É maravilhoso o momento
de despertar da consciência. Sentimos que estamos começando a entender alguma
coisa em meio a um caos que antecede a busca.
O processo traz dor. A dor
de conhecer a si mesmo é provocada pela quebra de ilusões previamente estabelecidas
e enraizadas em nossa mente.
Cada ilusão destruída sobre nós mesmos é uma nova dor. Apesar de nos libertarmos de coisas desnecessárias e falsas em nossas vidas, como crenças fantasiosas sobre quem somos, sofremos muito com todo o processo.
Uma das primeiras
coisas que precisa ser enfrentada nesse instante de descobertas é o medo que
sentimos de não dar conta do novo.
Quando falamos de um
novo endereço, por mais difícil que seja acostumar, de uma forma ou de outra
nos adaptamos. Mas e quando o novo diz respeito a quem você é?
Quem fui até esse
momento em que a consciência retorna a fonte já não comporta a nova pessoa que
passo a descobrir e pouco a pouco reconhecer e reconstruir. A partir daqui
existe um eterno ressignificado de coisas antigas, valores, necessidades etc..
Nada escapa ao raio-X
do novo que filtra o que pode e o que não pode permanecer nessa nova fase.
Fico pensando no motivo
de algo tão bom trazer tamanho sofrimento.
A conclusão que chego é
o fato de ter baseado quem era em coisas, situações, perspectivas e pessoas que
não condiziam com aquilo que realmente sou em essência.
Ainda que tudo isso
fizesse perfeito sentido até antes desse despertar, no momento imediato após abrir
os olhos, já não fazem mais.
Com isso voltamos a
falar da essência. O que sobra quando você abre os olhos e passa a ressignificar
tudo em sua vida?
Uma simples pergunta como
essa : “quem é você?” torna-se uma complexa resposta.
Não é possível
simplesmente responder quem somos com as nossas profissões ou papeis sociais. Mas
o que nos sobra tirando isso?
Em uma sociedade que
privilegia status, predominantemente capitalista e materialista, tentar uma
definição de si mesmo sem que seja a partir dos papeis sociais desempenhados e
da profissão exercida é algo verdadeiramente desafiador.
Encontrar respostas que
não sejam óbvias para questões como essa: “quem é você?” faz parte de
um longo aprendizado interior.
Quando tiramos todo o
externo e esprememos tudo o suco, o que sobra? É por isso que pergunto agora: “tem
alguém ai?”, saberia me dizer “quem é?”.
Ana Paixão, em busca de
respostas.
11/01/2018 17:22:48
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