Momento de encontros e desencontros

desconheço autoria da imagem. fonte internet :busca acervo google



Estou num momento de encontro e desencontros. Encontro comigo, com uma parte minha desconhecida e desencontro com uma parte já modificada ou em transformação.  

Deixo para trás uma importante fase de minha vida, mas não me despeço por completo, ela ainda faz parte de minha constituição. 

Paralelamente a isso, começo a descobrir ou dar vida a uma outra porção do que sou ou estou sendo ou talvez queira ser, não sei exatamente o tempo verbal a ser utilizado, pois completamente desconhecido para mim isso tudo.

Inclino-me a dizer que o mais difícil já passou, mas, talvez, isso não seja verdade. Difícil é todos os dias, redescobrir ou reinventar uma nova história, a partir do que já passou, parece ilusório, contraditório e surreal.

Porém, no final é isso mesmo que fazemos quando as grandes mudanças batem a porta e a deixamos entrar: continuamos com nossas bagagens antigas, mas, caminhando para uma nova viagem.

Há conflitos em mim que precisam ser encarados, sob pena de sufocamento psicológico, mental. Não olhar para eles é negar parte do todo que sou. Essa tarefa  não parece muito fácil e nem prazerosa, ainda que necessária.

A terapia ou análise pessoal tem um papel fundamental nessa reorganização mental, sem isso, impossível passar para o próximo estágio, ainda que seja demorado e doloroso o processo, ele é inevitável para seguir em outra viagem, sem roteiros, mas com alguns destinos pretendidos.

Negar a dor que me corroí é uma estratégia compreensível e aceitável até certo ponto, pois, é justamente a partir do olhar para essa dor que posso assumir quem fui, o que sou e olhar para o que serei (ou pretendo ser).

Ninguém quer encarar uma angústia com tanta intimidade. Parece masoquismo olhar para a dor e dizer: “ei, eu estou vendo você, conheço sua existência e não vou negá-la”. 

Entretanto, a partir desse momento corajoso e cruel ao mesmo tempo, é possível compreender melhor o que se passa em nosso íntimo. 

Pode ser que nada mude olhando para a dor, porém, ainda assim, reconhecer sua existência é sempre mais eficaz do que omitir de si mesmo essa realidade.

Não há respostas prontas e tão pouco fórmulas mágicas para a vida e suas dores. O fato é que eles existem e precisam ser reconhecidas. 

Enquanto estivermos negando o sofrimento ele será protagonista e o inconsciente fará de tudo para nos mostrar o que há por dentro. 

A negação gera sintomas, já o reconhecimento de uma dor pode nos levar a um outro nível de conhecimento de quem fomos ou somos.

Se posso dar uma sugestão: faça terapia! Encontre-se e seja encontrado por si mesmo. 

Não é indolor o processo e nem rápido, mas é como uma bússola que o ajuda a chegar ao caminho, se souber para onde ir.

Ana Paixão

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